Solenidade da Santíssima Trindade

Solenidade da Santíssima Trindade

trindade_rublev

Ex 34,4b-6.8-9; Dn 3, 52.-56; 2Cor13,11-13; Jo 3,16-18

1. Meus irmãos,

Todos os anos, após o encerramento do Tempo Pascal com a ‘Solenidade de Pentecostes’ [celebrada semana passada], temos três Solenidades que dão um certo ‘acabamento’ ao Tempo Pascal. No Domingo seguinte a Pentecostes, temos a ‘Solenidade da Santíssima Trindade’. Na Quinta feira seguinte, recordando a Quinta-feira santa, na qual Jesus Cristo instituiu a Eucaristia, temos a ‘Solenidade do Corpo e Sangue do Senhor’, também chamada ‘Corpus Christi’. Passados oito dias, temos a ‘Solenidade do Sagrado Coração de Jesus’. Estas três Solenidades desenvolvem, para além do Tempo Pascal, a pouco concluído, a mensagem mesma da Páscoa de Jesus Cristo: o Mistério de Deus Uno e Trino, sempre solidário com a humanidade (Santíssima Trindade), o Memorial de Jesus Cristo, deixado à Sua Igreja até a Sua volta (Corpus Christi), e a contemplação do Seu Coração que, traspassado, do Seu lado aberto, é a fonte da Sua Igreja.

2. Hoje é a Solenidade da Santíssima Trindade e, assim, celebramos a nossa participação no mistério das Pessoas divinas. O mistério da Santíssima Trindade é o mistério da vida íntima de Deus. O mistério da Santíssima Trindade é o mistério de Deus Uno e Trino. Jesus Cristo, ao revelar-Se, revela a vida íntima de Deus, e nos convida a participar de Sua vida. Jesus é o Filho de Deus que Se fez homem para a nossa salvação. Jesus traçou um caminho na nossa história, e neste caminho manifestou todo o amor de Deus, e assim, manifestou a vida íntima de Deus. Jesus Cristo revela que Deus é Uno, e que é uma Trindade de Pessoas – Pai e Filho e Espírito Santo.

3. São, então, três deuses? Não, mas um Deus em três Pessoas (cf. Tertuliano, Adv. Prax. 23; PL 2, col. 156-7), que eternamente coexistem e eternamente Se amam. E Jesus conforme caminhou conosco, conforme traçou um caminho na nossa história, manifestou, assim, a intimidade de Deus, a intimidade destas três Pessoas divinas, que são a fonte da vida do universo, e que com amor eterno amam as Suas criaturas.

4. As leituras da missa nos ajudam a meditar sobre o mistério da Trindade de Deus. Na 1ª. leitura, do livro do Êxodo, Deus Se revela fiel e misericordioso, como ouvimos no clamor de Moisés: “Senhor, Se¬nhor! Deus misericordioso e cle¬mente, paciente, rico em bondade e fiel” (v. 7), mas, sobretudo, que Deus que caminha com seu Povo, e que perdoa o mesmo Povo para que possa acertar o caminho: “Senhor, se é ver¬dade que gozo de teu favor, peço¬-te, caminha conosco; embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pe¬cados e acolhe-nos como proprie¬dade tua” (v. 8). Deus manifesta a Sua intimidade através de Sua fidelidade e de Sua misericórdia, e que a Sua bondade supera a vingança. Diante de Deus sentimos o peso do nosso pecado, mas ao experimentar a Sua misericórdia se tem o desejo de ser Seu, como disse Moises: “perdoa nossas culpas e nossos pe¬cados e acolhe-nos como proprie¬dade tua”.

5. Em seguida, recitamos como “Salmo responsorial”, um trecho do livro de Daniel, que exprime um louvor universal a Deus, com o refrão: “A vós louvor, honra e glória eternamente! Honra e gló¬ria eternamente!”.

6. A 2ª. leitura, da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios. Neste trecho temos uma confissão na SS. Trindade, que ocorre na saudação inicial da Santa Missa: “A gra¬ça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (v. 13). O amor do Pai se manifesta no dom, na graça de Jesus Cristo, e na ação do Espírito Santo, que gera comunhão na Igreja, para perseverar na fé em Cristo e na salvação que Ele nos oferece. Inseridos na ação das três Pessoas divinas, S. Paulo pode dizer: “alegrai-vos, trabalhai no vosso aperfeiçoamento, encorajai¬-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, e o Deus do amor e da paz estará convosco” (v. 11).

7. O Evangelho [a pouco proclamado] nos recorda a maior prova do amor de Deus por nós: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (v. 16). Quem aceita Jesus na fé será salvo (v. 17)

8. Jesus nos traçou um caminho, e somos chamados a percorre-lo. É neste caminho que conhecemos a mensagem de Jesus e que Deus na Sua intimidade é uma Trindade de Pessoas divinas. Criados à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1, 26-27), somos chamados a amar como Ele ama; somos chamados a ser misericordiosos e compassivos como Deus é; somos chamados a gerar comunhão e nos afastar de tudo o que nos desune, para que vivamos uma vida de irmãos à imagem e semelhança da Trindade de Deus.

9. Meus irmãos, com a Solenidade da SSma. Trindade contemplamos a Deus como Jesus Cristo nos revelou: Deus é Uno e é Trino. Contemplemos o Pai, de Quem somos filhos; contemplemos Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, o nosso Irmão maior, em Quem somos todos irmãos; contemplemos o Espírito Santo que, como ouvimos na 2ª leitura, nos conduz para que, de fato, vivamos como filhos de Deus. Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Deus é comunhão e assim, fomos criados para viver em comunhão. Que a nossa contemplação da Trindade de Deus, que é comunhão, nos permita viver, também, em comunhão! Amém!

Louvado seja N. S. Jesus Cristo!

Por padre Ari Ribeiro – Doutor em Teologia, pároco da paróquia São Galvão, coordenador da catequese da Diocese de Santo Amaro (SP), membro da Equipe Regional do Ensino Religioso – Regional Sul 1 da CNBB.

 

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Email