Paixão do Senhor

Paixão do Senhor

Calvario

Is 52, 13 – 53, 12; Sl 31(30); Hb 4, 14-16; 5, 7-9; Jo 18, 1 – 19, 42

1. Meus irmãos, estamos aqui reunidos para a “Celebração da Paixão”, popularmente chamada “Beija-cruz”. Esta é a segunda celebração do “Tríduo Pascal”. Ontem tivemos a “Celebração da Ceia do Senhor”, hoje a “Celebração da Paixão” e amanhã a “Vigília Pascal”, que já é celebração da Páscoa de Jesus Cristo, nosso Salvador. Através destas celebrações se aborda uma faceta de Páscoa de Jesus Cristo – sua morte e ressurreição – através da qual nos veio a nossa salvação.

2. A celebração de hoje é a contemplação de uma morte, é a contemplação da morte do Filho de Deus, Jesus Cristo, nosso Salvador. Todos nós já experimentamos a morte de nossos pais, amigos, parentes. É uma experiência dura, é uma experiência de separação. Hoje estamos aqui na Igreja para a celebração de morte de uma pessoa especial. Estamos aqui para a celebração da morte do Filho de Deus. Não se trata da morte de uma pessoa como nós, mas a morte do Filho de Deus. Trata-se da morte de um inocente, de um inocente que é o Filho de Deus, que deu a vida para a nossa salvação.

3. Acompanhando os passos de Jesus, vemos que Sua vida sempre esteve no “fio da navalha”. Jesus frequentemente foi ameaçado de morte e sempre se desvencilhou da morte porque, no dizer de S. João Evangelista, não havia chegado a Sua “hora”. Mas, à medida que Jesus vai percebendo que não escapará da morte, Ele fez a oferta de Sua vida ao Pai dos Céus para a salvação da humanidade. Aqui está o que há de mais bonito no que hoje celebramos: o Filho de Deus ofereceu a Sua vida pela salvação da humanidade.

4. Jesus, assim, cumpriu a profecia de Isaías, que ouvimos na 1ª leitura. Nela ouvimos o IV Cântico do Servo Sofredor. O Servo Sofredor é um Justo Servo de Deus, que não conheceu o pecado, que sofre, e que por Deus será exaltado. Jesus Cristo cumpre esta profecia do Servo Sofredor. Jesus é o Justo Servo de Deus, é o Filho de Deus, que não conheceu o pecado, que sofreu pela salvação da humanidade, e que pelo Pai dos Céus foi exaltado, na sua ressurreição, que amanhã celebraremos.

5. Jesus é o Justo Servo de Deus, que realizou a salvação da humanidade, através de Sua Páscoa, de Sua morte – que hoje celebramos – e de Sua ressurreição. E Jesus, vendo que a Sua morte se aproximava, realizou a oblação, a oferta de Sua vida, com total liberdade, a mesma liberdade que vemos na hora de Sua prisão, como ouvimos no “Relato da Paixão” (Evangelho). Jesus ao ser abordado disse “Sou eu”. Ele podia ter fugido. Não fugiu. Ele fez a oferta de Sua vida para a salvação da humanidade, e o Pai dos Céus acolheu esta Sua oblação, e O ressuscitou dos mortos e, assim, nos abriu as portas da vida eterna. Jesus deu a Sua vida pela salvação da humanidade, o Justo pelos injustos e, assim, realizou a salvação da humanidade.

6. Jesus realizou a salvação da humanidade, com a Sua Páscoa – a Sua morte e ressurreição. E hoje viemos aqui, à casa de Deus, contemplar a Sua morte redentora, em favor de todos nós, em favor de toda humanidade. E nós nos perguntamos: diante desta contemplação, a contemplação da morte do Filho de Deus, onde nós nos inserimos? A resposta vem da 2ª leitura, da Carta aos Hebreus. Nós ouvimos que devemos nos aproximar de Cristo (v. 16). Nós não contemplamos de forma passiva a morte do Filho de Deus, mas somos chamados a nos aproximar, constantemente, do Filho de Deus que deu a vida para a nossa salvação.

7. Meus caros, viemos hoje para esta celebração tão desejada, no dia que a Igreja não celebra a Santa Missa. É um dia de jejum e abstinência, no qual contemplamos a morte do Filho de Deus, a maior prova do amor de Deus por nós. Viemos contemplar a morte do Filho de Deus, o Seu amor por nós, e queremos nos aproximar constantemente d’Ele, viver em comunhão com Ele, para que os efeitos de Sua oblação se realizem em nós. Viemos aqui, à Casa de Deus, para contemplar a morte do Filho de Deus e manifestar a nossa fé na salvação que o mesmo Filho de Deus realizou, através de Sua morte e ressurreição. Amém!

Por padre Ari Ribeiro – Doutor em Teologia, pároco da paróquia São Galvão, coordenador da catequese da Diocese de Santo Amaro (SP), membro da Equipe Regional do Ensino Religioso – Regional Sul 1 da CNBB.

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